Algumas Implicações da mercantilização educacional
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Algumas Implicações da mercantilização educacional
Algumas Implicações da mercantilização educacional
Afirmar que educação pode ser comparada a uma mercadoria implica a existência de clientes, de consumidores. E os alunos não são concebidos na sua humanidade, que almejam, pela escolaridade, seu desenvolvimento integral ou, ao menos, um norte em seu percurso de formação. Eclipsa-se a dimensão formadora dos estudantes, como pessoas humanas, ao concebê-los como clientes, interagindo no mercado, com opção restrita: ou compra ou deixa de comprar. É o rompimento da lógica dos direitos, que é política, pela lógica mercadológica, que não tem espaços para articulações reivindicatórias. O saber, segundo Fiori (1991, p. 78), “[...] se transforma em instrumento de mistificação das consciências: não liberta, justifica a servidão. [...] se transforma em domesticação. O ensino não propicia a participação comum”.
Zaffari (2001, p. 02), enfatiza essa inversão, referindo-se à concepção de aluno e, também, ao papel desempenhado pelo professor, nesse contexto:
[...] o aluno de pessoa passa a ser cliente e como tal é visto na óptica do consumidor do saber [...] o professor, por sua vez se constitui um super ou micromercado, “possuidor” de algumas mercadorias, cujo prazo de validade é constantemente remarcado em encontrinhos de fim de semana.
No paradigma educacional escolar caracterizado por relações mercadológicas, o aluno, verdadeiramente, é concebido como cliente, e o professor, prestador de serviços para a empresa escola.
É importante destacar que palavras e conceitos estão carregados de significados, isto é, não são neutros. Identificar alunos como “clientes” e não como “sujeitos” é afirmar uma concepção política. Portanto, não se refere apenas a uma alteração de nomes. A palavra “cliente” correlaciona-se a palavras como “consumidor”, “mercado”, “mercadoria”, “aquisidor”, “comércio”.
Observa-se que os pais que enviam seus filhos para as escolas que anunciaram a eficiência de seus cursos, que afirmaram suas vantagens na disputa de espaço no mercado de trabalho, em suma sua educação, esperam que o ensino e seus resultados correspondam à propaganda.
O ajuste educacional às exigências neoliberais manifesta-se, com efeito, mediante a adoção de medidas político-administrativas que objetivam a construção de uma nova cultura, de uma ideologia capaz de justificar e explicar a nova configuração social. No Brasil, intensifica-se o estabelecimento de um currículo hegemônico e padronizado, confirmado pelos Parâmetros Curriculares (PCNs). Cursos de formação de professores (treinamento) são implementados por diferentes instituições. Identifica-se um conjunto de artefatos culturais pedagógicos, contribuindo para com o obscurantismo e a acomodação, principalmente de professores, que “religiosamente”, traduzem a concepção educacional oficial. E para acompanhamento e controle da aplicação catequética dos “ensinamentos”, o Ministério da Educação instituiu a avaliação externa, premiando as escolas que apresentarem melhores escores, melhores resultados, situação, esta, observada também por Gentili (2002, p. 34):
A partir da década de 1990 a qualidade da educação acabou restrita à implementação de uma série de estratégias de avaliação orientadas a quantificar a produtividade escolar nos diferentes níveis do sistema, promovendo rankings institucionais que permitissem mapear a hierarquia das escolas em virtude dos resultados das provas aplicadas à população estudantil.
Os elementos supracitados identificam com translucidez a visão empresarial transferida para o contexto educacional. Em decorrência, uma indagação axiomática clama por resposta: qual é o papel da mercoescola? Silva (1999, p. 28), argumenta:
[...] produzir uma cultura que integre as novas gerações às demandas globais do mercado. Seus princípios fazem o elogio à desigualdade como um valor positivo e natural. A concorrência, a competição, o individualismo são considerados valores e atitudes superiores e a causa fundamental do progresso humano.
As políticas educacionais baseadas e referendadas por esse sistema, em síntese, constituem uma estratégia de classe, retificando os sucessos e/ou insucessos associados à classe social. Ball (2001, p. 224) lança um alerta e o registra nos seguintes termos:
O perigo é que estamos indo em direção a um mercado deformado, marcado por discriminações de classe [...] existem evidências e um maior potencial, tanto nos Estados Unidos, quanto no Reino Unido, de uma estratificação e de uma diferenciação sociais nos sistemas educacionais, [...] uma redistribuição dos recursos em favor dos estudantes mais capazes.
Zaffari (2001, p. 02), enfatiza essa inversão, referindo-se à concepção de aluno e, também, ao papel desempenhado pelo professor, nesse contexto:
[...] o aluno de pessoa passa a ser cliente e como tal é visto na óptica do consumidor do saber [...] o professor, por sua vez se constitui um super ou micromercado, “possuidor” de algumas mercadorias, cujo prazo de validade é constantemente remarcado em encontrinhos de fim de semana.
No paradigma educacional escolar caracterizado por relações mercadológicas, o aluno, verdadeiramente, é concebido como cliente, e o professor, prestador de serviços para a empresa escola.
É importante destacar que palavras e conceitos estão carregados de significados, isto é, não são neutros. Identificar alunos como “clientes” e não como “sujeitos” é afirmar uma concepção política. Portanto, não se refere apenas a uma alteração de nomes. A palavra “cliente” correlaciona-se a palavras como “consumidor”, “mercado”, “mercadoria”, “aquisidor”, “comércio”.
Observa-se que os pais que enviam seus filhos para as escolas que anunciaram a eficiência de seus cursos, que afirmaram suas vantagens na disputa de espaço no mercado de trabalho, em suma sua educação, esperam que o ensino e seus resultados correspondam à propaganda.
O ajuste educacional às exigências neoliberais manifesta-se, com efeito, mediante a adoção de medidas político-administrativas que objetivam a construção de uma nova cultura, de uma ideologia capaz de justificar e explicar a nova configuração social. No Brasil, intensifica-se o estabelecimento de um currículo hegemônico e padronizado, confirmado pelos Parâmetros Curriculares (PCNs). Cursos de formação de professores (treinamento) são implementados por diferentes instituições. Identifica-se um conjunto de artefatos culturais pedagógicos, contribuindo para com o obscurantismo e a acomodação, principalmente de professores, que “religiosamente”, traduzem a concepção educacional oficial. E para acompanhamento e controle da aplicação catequética dos “ensinamentos”, o Ministério da Educação instituiu a avaliação externa, premiando as escolas que apresentarem melhores escores, melhores resultados, situação, esta, observada também por Gentili (2002, p. 34):
A partir da década de 1990 a qualidade da educação acabou restrita à implementação de uma série de estratégias de avaliação orientadas a quantificar a produtividade escolar nos diferentes níveis do sistema, promovendo rankings institucionais que permitissem mapear a hierarquia das escolas em virtude dos resultados das provas aplicadas à população estudantil.
Os elementos supracitados identificam com translucidez a visão empresarial transferida para o contexto educacional. Em decorrência, uma indagação axiomática clama por resposta: qual é o papel da mercoescola? Silva (1999, p. 28), argumenta:
[...] produzir uma cultura que integre as novas gerações às demandas globais do mercado. Seus princípios fazem o elogio à desigualdade como um valor positivo e natural. A concorrência, a competição, o individualismo são considerados valores e atitudes superiores e a causa fundamental do progresso humano.
As políticas educacionais baseadas e referendadas por esse sistema, em síntese, constituem uma estratégia de classe, retificando os sucessos e/ou insucessos associados à classe social. Ball (2001, p. 224) lança um alerta e o registra nos seguintes termos:
O perigo é que estamos indo em direção a um mercado deformado, marcado por discriminações de classe [...] existem evidências e um maior potencial, tanto nos Estados Unidos, quanto no Reino Unido, de uma estratificação e de uma diferenciação sociais nos sistemas educacionais, [...] uma redistribuição dos recursos em favor dos estudantes mais capazes.
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